e utentes da saúde
Consultas à chuva <br>no Algarve
Nas unidade de saúde familiar (USF) Lauroé, no Centro de Saúde de Loulé, e de Albufeira chove dentro dos gabinetes, uma situação que está a indignar utentes e profissionais.
Centros de saúde funcionam em contentores degradados
Estas duas USF funcionam em contentores que têm vindo a degradar-se ao longo dos anos, razão pela qual sofrem infiltrações de água que comprometem o sistema eléctrico e o funcionamento dos telefones, bem como a integridade dos equipamentos, nomeadamente informáticos.
Simultaneamente, «alguns funcionários têm vindo a queixar-se de reacções alérgicas do foro respiratório e dermatológico, que atribuem ao isolamento térmico/acústico do contentor que está podre», denuncia, em comunicado divulgado no dia 14, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
A mesma fonte dá conta que «o serviço de Saúde Ocupacional da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve está desprovido dos recursos humanos necessários e suficientes para fazer o levantamento dos riscos a que os profissionais estão expostos no seu local de trabalho, bem como a elaboração de proposta das necessárias medidas preventivas, que cabe à ARS garantir».
Triste realidade
No início do mês, o sindicato entregou ao secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, no decurso de uma visita ao Algarve, uma cópia do manifesto «Por condições de trabalho dignas e cuidados de saúde de qualidade e segurança», um documento dirigido ao ministro da tutela.
O manifesto, subscrito no espaço de três dias por 47 enfermeiros, descreve a situação vivida diariamente na urgência do Hospital de Portimão e aponta propostas de solução para melhor segurança dos utentes e profissionais.
No discurso de inauguração da USF Atlântico Sul, no Centro de Saúde de Portimão, o governante avançou que a solução para a resolução dos problemas dos serviços de urgência passam pelo reforço dos cuidados de saúde primários e por uma maior disponibilidade dos profissionais junto dos utentes no sentido de se prevenir idas à urgência.
Numa breve reunião com Manuel Delgado, o SEP sublinhou que para a concretização das ideias avançadas são necessários 150 enfermeiros nos cuidados de saúde primários e 450 nos hospitais algarvios, para além de viaturas, tendo em conta que as existentes são insuficientes, com avarias frequentes e algumas bastante degradadas. Foram ainda avançadas outras reivindicações, como a aplicação das 35 horas de trabalho para todos os enfermeiros, independentemente do vínculo laboral e a reposição do valor integral das horas de qualidade e extraordinárias.
Nos serviços de medicina do Hospital de Ponte de Lima, diariamente com sobrelotação de doentes, a maioria dos enfermeiros têm até 200 horas em dívida de trabalho suplementar, não havendo «previsão de quando poderão ser pagas».
Numa nota à comunicação social de 13 de Dezembro, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) dá ainda conta de enfermeiras que estão a ser impedidas do direito a duas horas diárias para amamentação.
Face a este «cenário terceiro mundista», o SEP exige a «rápida admissão de enfermeiros», o «pagamento imediato, de acordo com a preferência dos interessados, das horas as mais, ou seja, em tempo e/ou em dinheiro» e o «cumprimento do regulamento de horários negociado naquela instituição e de todos os direitos consagrados na Lei».
A Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores das Funções Públicas e Sociais alertou, no dia 14, em conferência de imprensa realizada no Porto, para a falta de seis mil auxiliares de saúde, nos hospitais e centros de saúde. De acordo com Luís Pesca, dirigente da federação, a falta destes trabalhadores será mais sentida «nos picos normais de gripe e de outros sintomas», que vão levar a que «os tempos de espera no hospital voltem outra vez a ser humilhantes para um país que se diz desenvolvido».
Luís Pesca não descarta a possibilidade de «uma grande acção de luta» já em Janeiro, que poderá passar «por um momento de greve de todos os trabalhadores da saúde, devido à ausência de resposta no que diz respeito à negociação das carreiras» e à «ausência de resposta à contratação de novos efectivos».
INEM
Também o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN) admitiu, no dia 14, avançar com «medidas ainda mais duras» do que a greve ao trabalho extraordinário caso o Governo não resolva os tempos de espera de socorro no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), motivados pela falta de recursos humanos.
Problema de saúde pública
em Torres Novas
A Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo alertou, muito recentemente, a presidente do Conselho Directivo da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo para um problema de saúde pública derivado da poluição hídrica e atmosférica da Ribeira da Boa Água e cursos hídricos a montante e jusante.
Esta situação, que ocorre no concelho de Torres Novas, afecta populações e toda a cadeia alimentar. «Nesta área encontram-se escolas, zonas habitacionais e actividades industriais e comerciais com grande procura e com centenas de trabalhadores», informam os utentes.